Cinema do Êxtase

Magia é percurso. Caminhar. Manter-se em movimento. Esse é o devir magístico. Vivemos sob o halo bergsoniano. A linha tênue entre a loucura e a intuição. O véu que se abre nos revela a impermanência, o desejo de atingir. Assim gargalhamos e nos colocamos ante a eternidade.

Caminhe o quanto for necessário e encontrará liberdade.

Cinema! A taxonomia deleuziana nos diz: Bergson! Compreenda o fenômeno e estará fadado à inércia. Sinta a eternidade e verá que a deusa dança entre nós.

O cinema configura-se como um desejo primitivo de contar estórias, um ato visceral de auto expressão, uma ferramenta comunicativa de anseios políticos e sociais. E por que não anseios mágicos?

O manifesto a seguir é um convite para um cinema que seja puramente manifestação da vontade. Uma ferramenta do êxtase. Da incompreensão.


Manifesto Cinextático

Gostamos de apreciar a nudez humana

Mas gostamos de observar através de uma lente 70-200mm

E aumentar lentamente a distância focal

Até que não seja mais possível compreender o que vemos

Não nos interessamos pelas narrativas ocidentais

O mito é para a humanidade assim como o inconsciente é para o indivíduo

Queremos o indivíduo exposto cruamente em uma tela de 455 polegadas

Ao queimar o tratado Aristotélico, restou apenas o ser humano

Não existe espaço para a compreensão

Nosso cinema é gnose. Sonho

O êxtase da cineasta/espectadora é a morte da espectadora/cineasta

Nossas narrativas são anti axiomáticas

A experiência é vontade

O tempo e o espaço são plásticos

E nós apertamos o rec pelo mais pífio desejo de observar o movimento

Viva Djalma de Lalú!

Viva Mãe Cacilda de Assis!

Viva Maya Deren, Stan Brakhage e Alejandro Jodorowsky!

Viva Austin Osman Spare!